quinta-feira, 27 de maio de 2010

O "Instituto Serra de Combate às Drogas"

Uma notícia publica pelo jornal "Folha de S.Paulo" de 27/05/2010 aponta uma declaração do ex-governador José Serra no que diz respeito às drogas e sua procedência dada no programa "Se Liga, Brasil" da rádio Globo. Segundo o pré-candidato à presidência, a Bolívia fornece de 80% a 90% de toda a droga que chega no Brasil.
O primeiro problema da declaração é que, mesmo sendo verdade, não há qualquer prova ligando o tráfico de drogas ao governo boliviano. Uma acusação desse porte precisaria estar baseada em provas concretas ainda mais quando é dirigida às autoridades de uma nação. Como postulante ao cargo máximo da República, Serra demonstrou falta de habilidade. Podemos interpretar a agressão do ex-governador não só ao governo boliviano como ao brasileiro, pois ambos são "amigos" como teria afirmado ironicamente.
Por outro lado, segundo dados da UNODC de 2009, a Colômbia é o maior produtor da droga, mesmo apresentando redução. Ainda correspondia, no ano de 2008, a 81.000 hectares de cultivo da droga seguido pelos 56.000 de Peru e 30.500 da Bolívia. Por que as acusações não envolvem as demais nações sul-americanas? A conclusão óbvia é que sua vontade é a de acusar o presidente Evo Morales de contribuir com o tráfico, poupando Álvaro Uribe de orientação mais conservadora.
Saindo da América do Sul, um dado curioso é o de cultivo de ópio no Afeganistão. De um patamar muito pequeno de cultivo do ópio em 2001 houve um salto no anos seguintes que coincidiram com a ocupação dos EUA no país. Em 2008 a área cultivida chegou a mais de 150.000 hectares. Será que José Serra acusará o governo estadunidense de incentivar o plantio da droga?
Fonte: http://www.unodc.org/documents/wdr/WDR_2009/Executive_summary_LO-RES.pdf

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A cobertura esportiva da Rede Globo

Um dos eventos esportivos que mais gosto de acompanhar é a UEFA Champions League, não só pelo futebol em si, mas como tento entender como funciona a organização e o esquema profissional que envolve a liga milionária. A ESPN como uma emissora específica dá uma cobertura completa dos jogos e às quartas-feiras a Bandeirantes seleciona um jogo para fazer parte da programação. Foi por esses dois canais televisivos que me debruço sobre o confronto dos grandes clubes europeus.
Qual não foi minha surpresa, a final que acontecerá amanhã (22/5/2010) será transmitida pela Rede Globo de Televisão. Fico imaginando telespectadores que gostam de futebol e não têm o costume de zapear outros canais o que podem imaginar a respeito da competição européia: "como foram outros jogos?", "é um torneio de jogo único?", "os dois finalistas são os mais fortes mesmo?". Mistério!
Não é a primeira competição que a emissora reserva esse tratamento. As superligas de voleibol masculino e feminino - esporte em que o Brasil se destaca muito no cenário mundial - são resumidas a apenas um jogo final. Parece que com exceção dos timaços de Rio e Osasco, as outras equipes femininas simplesmente não existem. Quem acompanhou somente pela Globo não pôde ver Mari, Sheilla e Fofão realizando ótimo trabalho pelo São Caetano ou outras meninas de equipes pelo Brasil. O mesmo valendo para o masculino.
Esse descaso da principal emissora do país tem reflexos nos resultados brasileiros em competições internacionais. Não é possível para crianças e adolescentes espalhados pelo Brasil ter conhecimento das diversas modalidades esportivas se não são divulgadas. A questão da exibição de esportes pela televisão aberta ajudaria na popularização de muitas modalidades. Porém, o canal da família Marinho prefere adquirir os direitos de transmissão para não dar a importância que os vários torneios e campeonatos merecem.
Mais uma vez, ao demonstrar a (pseudo) cobertura de um evento desportivo, a Rede Globo demonstra sua falta de respeito com o público.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Irã e a dilpomacia brasileira

A diplomacia brasileira deu um passo muito grande em sua linha independente ao tomar a frente das negociações com o Irã. Independentemente da minha opinião a respeito do que acontece naquele país, todas as vias negociais devem ser esgotadas antes de se tomar uma atitude extrema.
Adotar sanções contra o governo de Mahmoud Ahmadinejad teria efeitos nos cerca de 70 milhões de iranianos que têm tanta culpa nesse imbróglio diplomático tanto quanto qualquer cidadão do mundo que procura seu sustento na luta do cotidiano. Quando as grandes potências encabeçadas pelos EUA pensam na punição ao país dos aiatolás não estão se colocando no lugar de todos esses seres humanos.
Também devemos considerar os efeitos dos novos termos que os potências querem impor ao país dos aiatolás; o presidente Ahmadinejad anunciou que poderia anular totalmente as condições do acordo com brasileiros e turcos, o que seria um retrocesso nas negociações. Fico me questionando se os estadunideneses e demais nações envolvidas querem realmente a paz ou mais uma desculpa para devastar e ocupar algum território.
O maior exemplo disso é o Iraque. Os EUA invadiram o país sob o pretexto de estar fabricando armas de destruição em massa. Até hoje nada foi provado. O resultado é a constante guerra que assola o palco que já foi a Mesopotâmia. Por que repetir os mesmos erros? Quais são os interesses do gigante do norte?
Ao Brasil cabe fazer o que fez: buscar uma saída diplomática. Finalmente fomos colocados em um conflito como protagonistas e sem nos curvarmos aos "grandões". Se os termos levantados pela diplomacia brasileira foram os melhores, apenas a História poderá julgar. Porém, a busca pela paz e pelo bem-estar da população mundial é sempre o caminho a ser trilhado.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Só para "cornetar"

Como um bom brasileiro reclamei barbaridade da escalação da seleção brasileira. Em primeiro lugar, Dunga não escalou Ganso e Neymar por não querer preparar um time para 2014. Acabou escalando jogadores de 2002 e que há muito tempo não mostram serviço a ponto de merecerem disputar a Copa representando a seleção mais vencedora do mundo. Casos de Kleberson, Gilberto e Gilberto Silva. Kleberson não se firma no Flamengo e até agora não mostra o motivo de sua escalação. Gilberto não está fazendo feio no Cruzeiro mas outros laterais esquerdos mostram um desempenho melhor como Marcelo do Real Madri. Gilberto Silva está no Panathinaikos e já algum tempo não figura como jogador de grande destaque; há algumas temporadas perdeu lugar no Arsenal para Flamini, que por sua vez foi negociado com o Milan, tendo em Denílson um substituto de grande qualidade.
Há um outro fator como o de joagdor fora de posição. Michel Bastos joga como meia-direita no Lyon e foi escalado como lateral-esquerdo. O meio-de-campo apresenta poucas opções de transição para o ataque, ficando muito dependente da velocidade de Kaká. Como goleiro, Doni é muito controverso, uma vez que é reserva de Julio Sérgio no Roma.
Nem tudo é desastre na escalação. Temos defensores muito sólidos e um ótimo goleiro - Júlio César. Os atacantes, apesar das ressalvas que muitos fizeram ao Grafite, possuem muita qualidade. É um time que pode chegar ao título mesmo com as ressalvas feitas.
Lembro muito da Copa de 94. A seleção foi duramente criticada pelo futebol feio e pragmático. No final trouxe o título. Outras seleções como a de 82 deu espetáculo, agradou e era tida como a melhor desde 70 e tombou frente a "Squadra Azzurra". O que me consola é que as Copas do Mundo contrariam a lógica do torcedor e premiam um futebol que nem sempre é o mais vistoso. Agora só no resta torcer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Em quem votar ou como votar?

Dois projetos levam o favoritismo nas eleições presidenciais. Um tendo à frente a candidata Dilma Rousseff do PT e outro representado por José Serra do PSDB. Um eleitor mais atento e procurando informções pode (e deve) perguntar a respeito das outras candidaturas. A mídia ainda menciona Marina Silva do PV com bem menos destaque que os outros dois. Certamente não serão apenas os três; pelo menos o PSOL lançará seu candidato e provavelmante será Plínio de Arruda Sampaio, além de outros partidos.
Com essa gama de projetos, o eleitor se pergunta em quem votar. Tal pensamento tem seus perigos, uma vez que faz com que a pessoa vote por simpatia pessoal. Quando votamos, depositamos aprovamos todo um projeto e não apenas o candidato. Ao iniciar a campanha eleitoral, o brasileiro tem que ter consciência a respeito do país que quer. Isso envolve as mais diferentes esferas abarcadas pelo poder público: saúde, educação, transportes, meio-ambiente, programas sociais, índices econômicos e tantos outros temas. Tendo em mente todos esses assuntos, o passo seguinte é comparar os projetos e ver qual deles se enquadra em seu pensamento. Também é fundamental, em caso de pessoas que já ocuparam cargos em governos, ver como foi sua atuação.
Mais do que a eleição em si, um debate qualitativo é o que garante o florescimento da democracia. Chega de debates sem qualquer fundamento que proliferam nos meios de comunicação! Somente o voto embasado e a participação popular podem tornar o Brasil o país que todos queremos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Neymar para presidente!

Faltando meses para as eleições, as atenções dos brasileiros estão voltadas mesmo para a Copa do Mundo. Em uma pesquisa feita pela Datafolha entre os dias 15 e 16 de abril, foi detectado que 42% dos brasileiros possuem grande interesse pelo evento esportivo contra 36% com grandes atenções para o pleito que definirá o sucessor do presidente Lula.
Partindo desse pressuposto faço críticas ao tratamento dado pelos meios de comunicação às pesquisas. No momento é impossível prever qualquer resultado, visto que poucos brasileiros realmente decidiram em quem votarão. O cenário aponta por uma polarização entre os candidatos do governo Dilma Rousseff e da oposição José Serra, ainda mais com a saída de Ciro Gomes. Porém, não arriscaria qualquer previsão no momento. Tudo dependerá das estratégias dos dois candidatos e suas equipes.
Voltando às pesquisas, nas espontâneas, o presidente Lula ainda aparece citado por parte do eleitorado, mesmo sem ter qualquer condição de ser candidato. Nesse mesmo contexto, os dois principais candidatos não somam 30%. Datafolha (polêmica) de 17 de abril aponta Dilma na frente com 13% contra 12% de Serra. Ibope de 13 a 18 de abril o líder é... Lula com 16 %, enquanto Dilma e Serra aparecem respectivamente com 15% e 14%.
Portanto, os dois principais candidatos ainda não tocaram o grande público. A Copa do Mundo está liderando na batalha de corações e mentes e a maior reivindicação do povo no momento é Neymar e Ganso na seleção. Se a eleição fosse hoje, uma chapa formada pelos jovens talentos santistas ganharia em primeiro turno.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Santos sempre Santos?

Para começar meu blog gostaria de debater sobre um assunto polêmico: futebol. Calma, santistas! Antes de me apedrejarem já me identifico como torcedor do time de Vila Belmiro. Meu questionamento não é apenas em relação ao Santos; é a respeito de toda a estrutura do futebol brasileiro. Após a conquista do Paulistão será que os "Menino da Vila" se manterão ou já estão preparando o passaporte com destino à Europa? O mesmo vale para qualquer equipe brasileira que tenha atletas de qualidade.
A janela européia tem sido o terror das torcidas brasileiras. Os clubes do velho continente costumam arrebatar talentos de nossos gramados sem qualquer resistência. Não gostaria de chamar os atletas de mercenários, afinal qualquer ser humano que recebe uma proposta melhor, acaba trocando seu local de trabalho. Então, como poderíamos reverter tal situação, já que nossos clubes não têm como competir financeiramente com o poderio de um Chelsea ou de um Real Madrid?
Em muitos casos é um excesso de romantismo pensar em segurar jogadores como Kaká quando foi para o Milan. Por outro lado, será que o Brasil é tão mais desinteressante que clubes da Turquia e Ucrânia?
Da forma como está estruturada nossa Liga a resposta é sim. Os clubes se tornaram verdadeiras "fazendas coletoras" de jogadores e exportam suas respectivas "commodities". No exterior, a matéria-prima é trabalhada e "industrializada". Como? Em forma de venda de transmissão e produtos para o mundo inteiro. No ano passado, andando por bancas na Avenida Paulista, deparei com "cards" da Liga dos Campeões. Se nossa liga fosse mais forte e interessante poderíamos vender "cards" do Brasileirão. Por que não? Assim como direito de transmissão de nosso campeonato para o mundo inteiro. Fica uma reflexão: será que o futebol não é o resultado de relações presentes na sociedade brasileira como um toso?