sábado, 31 de março de 2012

Macross: 30 anos depois ainda cativa



Nos saudosos tempos em que o VHS era uma novidade, assisti meu primeiro japonês de naves chamado "Robotech" no ocidente - "Macross" no original. Não entendi a trama e fui seduzido pelas cenas de batalha entre humanos e os invasores Zentraedi, nome dos alienígenas que ameaçavam a nave Macross.
Anos mais tarde em minha adolescência passou a série "Guerra nas Galáxias" na antiga Gazeta. Descobri que "Robotech" era uma versão compacta para vídeo me alegrando muito porque o vídeo não tem um final e ainda me lembrava do gostinho da infância. Além das naves e das lutas intermináveis o triângulo amoroso entre Hikaru um dos grandes pilotos de combate, Lynn Minmei a grande estrela da música pop da nave e Misa Hayase uma competente oficial que deixou sua vida pessoal de lado para se destacar na carreira. Essa era a época de meus primeiros amores e o triângulo me chamava muita atenção mudando minha torcida conforme focavam em uma ou na outra garota.
A história em si começa quando uma nave alienígena cai no planeta Terra e é reconstruída pelos humanos. Anos mais tarde o povo gigante Zentraedi cobiça a nave e faz de tudo para tê-la iniciando uma guerra contra os terráqueos a quem chamam de "miclones" por causa do reduzido tamanho. Quando Macross decola, acidentalmente atrai uma cidade inteira reconstruída no interior da nave.
Pois bem, estou assistindo a série pela terceira vez e percebo estar mais apaixonado ainda por "Macross" passados trinta anos de seu lançamento no Japão. O desenho narra amores separados e unidos pela guerra, estrelas que se tornam heróis de guerra ou ícones pop de uma sociedade de civis que habita a nave, superação, enfim tudo o que envolve uma guerra. Não posso deixar de comparar Minmei a estrelas que se tornaram conhecidas em época e por conta de guerras - Lale Andersen com "Lilly Marleen" na Alemanha da segunda guerra, a música "Katyusha" na antiga URSS e "O'Surdato Nnammurato" napolitana da primeira guerra entre tantas outras narrando a separação de entes queridos por conflitos armados.
Talvez o que mais me chame atenção na minha releitura é a situação dos Zentraedi. A esquadra invasora tem o poder de destruir a Terra em segundos mas não o faz e aos poucos é esclarecido o motivo. Em um passado remoto seu povo era pequeno e tinha uma "protocultura". Com o tempo se adapta apenas para a guerra, deixando sentimentos e a cultura de lado. Seus corpos são agigantados artificialmente e o contato entre homens e mulheres é proibido. Os humanos não são destruídos porque os Zentraedi querem estudá-los por possuírem a chave do que pode ser a derrocada de seu poderoso exército. Realmente o que pode derrotar o exército mais poderoso do universo seja em "Macross", seja na vida real é sentimento, amor e a cultura. "Macross" faz um alerta a respeito do que pode acontecer ao esquecermos todos esses aspectos da vida.
Guerra, amor e um ícone pop virtual - Lynn Minmei- anterior a era da internet são motivos de sobra para conferirmos essa série fantástica.