domingo, 29 de agosto de 2010

Eleições invisíveis.



Cadê as eleições?


Curioso como em pleno processo eleitoral, quando haverá a escolha de presidente da República, governadores, deputados federais e estaduais e senadores, a mídia parece não dar a mínima importância. As capas das revistas "Veja" e "Época" não trazem qualquer referência ao pleito e a da "IstoÉ" ressalta o desespero da campanha serrista apenas no canto superior da capa. O que teria acontecido com os veículos que repentinamente não noticiam o evento tão importante para o futuro do país? É para questionramos.
Nos dois maiores jornais diários do estado de São Paulo, o "Estadão" sinaliza uma briga interna de Palocci e Dirceu dando a entender que os petistas já se consideram eleitos e a "Folha" coloca em importância secundária o suposto patrimônio escondido de "Michel Temer", porém a manchete é a respeito de bons lugares para passeio. A que ponto chegou a despolitização.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ideologia

Alckmin insinua que não tem ideologia:
Opus Dei concorda?


Uma das questões que me incomodam bastante é o mote criado pela grande imprensa nos anos 90 a respeito do fim das ideologias. A euforia dos barões da mídia que também refletem a classe dominante no capitalismo se deveu a dois fatores concatenados: o fim da URSS e a aclamada vitória do capitalismo na Guerra Fria. A partir de então, foi decretada o fim da ideologia.
Existem muitos problemas nesse tipo de análise. O primeiro é utilizar o modelo de socialismo autoritário para generalizar qualquer forma de marxismo. Claro que quem parte desse pressuposto não leu as obras de Marx ou está com muita má vontade ou ainda os dois fatores somados que é o mais provável no caso de semanários como a revista "Veja", por exemplo. O marxismo é, acima de tudo, o maior questionamento feito ao sistema capitalista. Não vejo em uma única linha de Marx qualquer menção ou exaltação a sistemas totalitários, muito pelo contrário, o pensador alemão criticava qualquer forma de opressão, seja econômica, política ou social.
Em segundo lugar, é como se só a esquerda tivesse uma ideologia, tornando natural o sistema capitalista, o neoliberalismo, como se os genes humanos levariam a isso naturalmente. Essa é o verdadeiro objetivo dos barões da mídia proclamarem o fim das ideologias (de esquerda bem entendido), o triunfo do capitalismo como sistema "natural" e até a pérola de Fukuyama "O Fim da História".
O debate para governador na Bandeirantes foi bem ilustrativo nesse sentido. Quando questionado a respeito de saúde pelo candidato do PSOL Fábio Bufalo perguntou, o candidato Geraldo Alckmin respondeu que respeitava a ideologia de seu oponente, mas que o PSDB fez um bom trabalho nessa área. O mais interessante é entendermos como foi a utilização da palavra "ideologia". Quer dizer que a observação puramente cotidiana do candidato do PSOL foi deturpada por sua ideologia? E Alckmin não possui ideologia? É isso que o tucano tentou passar para o telespectador?
Outro exemplo foi dado pelo "brilhante" colunista Reinaldo Azevedo. Em um programa da GNT, falou a respeito da política (?) nacional e internacional. Claro, desceu a lenha no governo Lula. Na política internacional ressaltou as trapalhadas de Sílvio Berlusconi como sendo algo sem ideologia, não era de esquerda nem de direita. Ou seja, quando alguém de esquerda faz algo digno de crítica (segundo a Veja e afins), a ideologia atrapalhou, quando alguém da direita "apronta", não foi influenciado pela ideologia.
Nós da esquerda - sim porque a verdadeira esquerda se assume como tal - temos o dever de desmascarar a ideologia de direita que se traveste como algo "despolitizado" e natural no ser humano.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Salve a Seleção!


Muito cedo para afirmar ainda se a jovem seleção de Mano Menezes será vitoriosa. O certo é que o início foi animador. Não coloco apenas a parte ofensiva da equipe, tão exaltada pelos comentaristas. Os meninos perderam muitas chances, que em uma partida contra um adversário mais qualificado poderiam ser fatais. O placar poderia ter sido muito mais elástico. Verdade seja dita, podemos atribuir a afobação na frente do gol como algo natural na estréia.
A parte que me supreendeu, por incrível que pareça, foi a defensiva. Mano Menezes armou a equipe com apenas três jogadores no meio-de-campo e três atacantes e mesmo assim, o setor intermediário foi todo ocupado pela sleção verde-amarela. Lição para os brucutus, a equipr marcou muito bem, ocupando espaços e sem precisar apelar para a violência. Ramires e Lucas anteciparam muitas jogadas e não precisaram usar o chamado "carrinho" e a zaga demonstrou segurança, a não ser em algumas jogadas típicas de time desentrosado.
Sobrou para o trio ofensivo mostrar velocidade e qualidade e o armador Ganso desfilar sua elegância. O menino parece que joga com traje de gala. Por falar em menino, Neymar foi além do que esse bloggeiro poderia imaginar e não sentiu a estréia na seleção.
Resumindo: estréia muito convincente. O cuidado é que devemos tomar é de não nos precipitarmos nas comemorações, pois foi apenas um amistoso. E se os EUA não são mas um time fácil de ser batido, também não é das melhores equipes do mundo. O técnico acertou ao declarar que ainda há muito a ser feito. De qualquer forma, o brasileiro voltou a sorrir com a seleção. Salve a seleção!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Que tédio!

Plínio se destacou em debate
sonolento. - foto retirada

Quando vi que o horário do debate coincidiria com o do jogo da Libertadores não fiquei muito satisfeito, pois minha vontade era a de ver os dois. Como cidadão consciente dos meus deveres optei por ver os postulantes ao cargo máximo do executivo nacional em seu primeiro ato televisionado na campanha eleitoral.
O início foi promissor. A Orquestra Bachiana do Sesi regida pelo maestro João Carlos Martins brindou a todos com uma versão da vinheta de abertura do debate. Mal sabia esse pobre eleitor que foi o ponto alto do evento. Não que eu esperasse um debate emocionante; na verdade já esperava uma argumentação baseada no marketing e não em idéias e números. Para ser sincero foi mais insosso que qualquer debate que já havia visto (e já vi muitos).
Uma das pérolas foi a pergunta de Serra para Dilma Rousseff a respeito da Apae. Na pergunta, o candidato tucano tentou provocar a petista dizendo que o governo largou a instituição sem citar qualquer dado concreto. Na resposta, Dilma afirmou que nenhum governo investiu tanto na Apae quanto o do Lula, sem citar números também. Na réplica e tréplica ambos repetiram o mesmo procedimento. Lembrei dos meus alunos da quinta série: "professor, ele não fez", "professor, fiz sim". Muito primário para os dois candidatos que devem realmente disputar a Presidência.
Os momentos de raro talento foram proporcionados por Plínio de Arruda Sampaio, solitário questionador do modelo vigente no país, sendo o único a argumentar com palavras próprias, sem auxílio de palavras elaboradas por marqueteiros. Até arriscou algumas piadas no meio do debate. Para o sério professor Plínio ter sido o autor das poucas falas espontâneas, é porque o debate foi um tremendo 0 X 0.
Quem ganhou o debate? Na minha opinião foi Plínio e, quanto aos demais, serão mais votados porque possuem mais recursos de campanha - no português correto, verbas. Não fosse minha consciência teria me arrependido amargamente de não ter visto São Paulo X Internacional. O debate valeu pela orquestra.