sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ideologia

Alckmin insinua que não tem ideologia:
Opus Dei concorda?


Uma das questões que me incomodam bastante é o mote criado pela grande imprensa nos anos 90 a respeito do fim das ideologias. A euforia dos barões da mídia que também refletem a classe dominante no capitalismo se deveu a dois fatores concatenados: o fim da URSS e a aclamada vitória do capitalismo na Guerra Fria. A partir de então, foi decretada o fim da ideologia.
Existem muitos problemas nesse tipo de análise. O primeiro é utilizar o modelo de socialismo autoritário para generalizar qualquer forma de marxismo. Claro que quem parte desse pressuposto não leu as obras de Marx ou está com muita má vontade ou ainda os dois fatores somados que é o mais provável no caso de semanários como a revista "Veja", por exemplo. O marxismo é, acima de tudo, o maior questionamento feito ao sistema capitalista. Não vejo em uma única linha de Marx qualquer menção ou exaltação a sistemas totalitários, muito pelo contrário, o pensador alemão criticava qualquer forma de opressão, seja econômica, política ou social.
Em segundo lugar, é como se só a esquerda tivesse uma ideologia, tornando natural o sistema capitalista, o neoliberalismo, como se os genes humanos levariam a isso naturalmente. Essa é o verdadeiro objetivo dos barões da mídia proclamarem o fim das ideologias (de esquerda bem entendido), o triunfo do capitalismo como sistema "natural" e até a pérola de Fukuyama "O Fim da História".
O debate para governador na Bandeirantes foi bem ilustrativo nesse sentido. Quando questionado a respeito de saúde pelo candidato do PSOL Fábio Bufalo perguntou, o candidato Geraldo Alckmin respondeu que respeitava a ideologia de seu oponente, mas que o PSDB fez um bom trabalho nessa área. O mais interessante é entendermos como foi a utilização da palavra "ideologia". Quer dizer que a observação puramente cotidiana do candidato do PSOL foi deturpada por sua ideologia? E Alckmin não possui ideologia? É isso que o tucano tentou passar para o telespectador?
Outro exemplo foi dado pelo "brilhante" colunista Reinaldo Azevedo. Em um programa da GNT, falou a respeito da política (?) nacional e internacional. Claro, desceu a lenha no governo Lula. Na política internacional ressaltou as trapalhadas de Sílvio Berlusconi como sendo algo sem ideologia, não era de esquerda nem de direita. Ou seja, quando alguém de esquerda faz algo digno de crítica (segundo a Veja e afins), a ideologia atrapalhou, quando alguém da direita "apronta", não foi influenciado pela ideologia.
Nós da esquerda - sim porque a verdadeira esquerda se assume como tal - temos o dever de desmascarar a ideologia de direita que se traveste como algo "despolitizado" e natural no ser humano.

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