quinta-feira, 7 de abril de 2011

Capitalismo e futebol I - A UEFA Champions League e a Mãe Dinah na fila do desemprego

Mãe Dináh prevendo sua irrelevância na Uefa Champions League


Um tema que gosto muito de debater é a relação do modo de produção capitalista com o futebol. Inclusive já trabalhei o tema em sala de aula com turmas de oitava série, explorando desde a questão dos lucros dos grandes clubes até a migração de talentos de diversos lugares aos principais centros. Gostaria de comentar outro aspecto do capitalismo presente no principal campeonato de clubes da Europa e o mais rico do mundo.
Dos quatro confrontos das quartas-de-final, apenas um podemos considerar em aberto, pois o Manchester United venceu o clássico com o Chelsea pela contagem mínima, embora na casa do adversário, ninguém ficará surpreso caso o time londrino consiga reverter o placar em Manchester. Um dos resultados foi o surpreendente 5 X 2 do Shalke 04 da Alemanha sobre a Internazionale em Milão. Os outros dois, sem surpresas: as goleadas de Real Madri e Barcelona sobre Tottenham de Londres e Shakhtar Donetsk respectivamente.
Resumindo, com exceção da equipe alemã, os outros semifinalistas serão previsíveis. Se no início da competição alguma "Mãe Dinah" dissesse que Real, Barcelona e Manchester United ou Chelsea estariam nesse fase ninguém receberia com qualquer grau de surpresa tal "previsão". Por que acontece o desequilíbrio de forças?
Os maiores clubes podem movimentar mais riquezas e não apenas dentro de suas fronteiras; basta presenciarmos em cidades brasileiras muitos meninos com camisas do "Barça", do Real ou do Chelsea. Quantas camisas do Flamengo, Corinthians e outros grandes brasileiros circulam no exterior? Tudo isso significa um retorno bilionário para os gigantes europeus em produtos e direitos de transmissão, sendo que a maior mercadoria é o jogador de futebol.
O fosso entre os maiores centros financeiros do futebol e menores acelera pois quanto mais investimento, mais resultados, mais retorno e mais investimento ainda. Ou alguém discorda? Dentro das chamadas ligas principais também há o aprofundamento das diferenças. Basta olharmos alguns campeonatos: O Porto tem mais de 90% de aproveitamento de pontos no campeonato português, há mais de 15 anos um título inglês vai para Arsenal, Chelsea ou Manchester United, o Bayern de Munique ganha ano sim, ano não e o campeonato espanhol se tornou torneio de confronto único entre os dois rivais: Real Madri e Barcelona. Além do campeonato italiano que foi rifado pelos dois times de Milão na última década.
O resultado não poderia ser diferente: torneios cada vez mais desequilibrados e com a "zebra" correndo sério risco de extinção. O futebol está cada vez mais previsível graças à concntração de capital nas mãos de poucos e poderosos grupos financeiros travestidos de clubes. E a Mãe Dinah, se depender do futebol, não será mais consultada.

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