quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pobre Metrópole!



Típico condomínio da classe média paulistana

com conforto e proteção contra os bárbaros.



Andar pelas ruas de São Paulo é uma experiência assustadora e não me refiro a violência urbana. Domingos e feriados são dias em que a capital paulista se torna deserta. Os espaços não são ocupados e imagino o que deve causar esse fenômeno.
Em primeiro lugar a metrópole é pouco irrigada de espaços públicos o que naturalmente espanta a população. As áreas verdes, parques, praças não comportam a população gigantesca de terras paulistanas. As principais vias priorizam o automóvel em detrimento do pedestre. As ruas e avenidas se tornam inóspitas para um reunião de amigos, um "bate-bola" ou aquela cervejinha ou cafezinho com a turma.
Temos também o recrudescimento da "datenização". Ao acompanharmos o noticiário estilo "espreme que sai sangue" temos a impressão que as grandes cidades brasileiras são tomadas por bandos de bárbaros prontos para acabar com os mais legítimos valores médio-classistas. Não podemos negar que a violência urbana é um mal que atinge a todos os cidadãos em nosso país, mas o que acontece é que o medo extremado faz com que as pessoas busquem condomínios fechados e desocupem ainda mais os poucos espaços públicos existentes. Lembro quando andava pelo bairro do Cambuci em área próxima do quartel do II Batalhão e confundi a entrada de um condomínio com a entrada do exército. Nossa classe média se fecha em autênticos "bunkers" e se aliena do que acontece no mundo exterior pensando em se proteger dos terríveis "visigodos". O resultado é a via pública ainda mais desprotegida e sujeita ao aumento de violência.

A grande vencedora de todo esse processo é a especulação imobiliária que privatiza todos os espaços e vende a ilusão de uma vida confortável e segura por trás dos muros dos condomínios. A classe média compra o produto e enriquece as grandes empresas.

Lembro quando dava aula na Vila Andrade e havia um terreno enorme ainda "inexplorado" e muito arborizado. Alguns alunos terríveis se divertiam em entrar nele e pegar alguma cobra morta para assustar as meninas. Em meus devaneios pensava como seria ótimo um espaço público para as famílias da região se divertirem. Um dia meu sonho se desmanchou em uma placa de condomínio na frente do espaço. Essa é a minha São Paulo: medrosa e privatizada.

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