sexta-feira, 15 de abril de 2011

Capitalismo e Futebol II - Time Paraguaio




Não. Não é uma piada chamando um time "meia-boca" de paraguaio. Estou me referindo a um verdadeiro e autêntico time paraguaio: o Cerro Porteño. Fato pouco comentado pelo noticiário brasileira foi uma faixa exibida pela torcida local na capital paraguaia no bom e velho português: "piada e deboche contra paraguaios é preconceito".

Em terras brasileiras nem nos damos conta de quanto pesa nossa dimensão em comparação aos vizinhos. Ao andarmos pelos países da América do Sul somos vistos como imperialistas; isso mesmo, imperialistas. Nosso complexo de vira-lata nos impede de enxergarmos tal realidade. O quanto sabemos o número de bolivianos, peruanos, paraguaios que aqui chegam tentando a sobrevivência ou qual seria a vida daqueles que permaneceram em seus países? Alvos de preconceitos de trabalho escravo e de bullying nas escolas, enquanto a população nativa desconhece a situação daqueles que trabalham para empresas brasileiras mesmo na terra natal.

É verdade que essas mesmas empresas exploram os trabalhadores brasileiros também, mas temos que somar o preconceito com que nossos "hermanos" são ditos no cotidiano das cidades "brazucas". Piadas que parecem inofensivas como "cavalo paraguaio" ou "produto paraguaio" designando produtos baratos e sem qualidade tomam outra conotação ao observarmos tudo o que ocorre. Especialmente quando se trata de uma nação, a paraguaia, que teve 75% de sua população massacrada em uma guerra contra o Brasil. Existem feridas profundas não cicatrizadas e de certa forma abertas com a presença de empresas brasileiras que exploram a mão-de-obra local e proprietários de terras do "grande irmão sul-americano" tomando posse de parte do Paraguai, Bolívia e outros.

É triste constatar que a crítica que fazemos aos norte-americanos valem - em escala muito menor, é claro - para nós: uma parte da elite explorando outros países e nossa própria classe trabalhadora, enquanto preferimos contar piadinhas a respeito de irmãos explorados.

Um comentário:

  1. Exceto os argentinos, basta rotular como "latinos" e, pronto: tudo resolvido,tudo conhecido, tudo dentro das expectativas, do "já visto". Alguns parecem viajar só para confirmar o que já sabiam. Encontram exatamente o que buscavam. Conheço um rapaz que foi ao Uruguai e voltou falando que lá sao todos índios - isso porque encontrou um grupo de peruanos tocando numa praça. Nao adiantou comentar que foi mero acaso: sao todos índios e assunto encerrado. O´Gorman explica...

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