sábado, 12 de janeiro de 2013

O clássico dos clássicos e a monocultura do futebol

Rio de Janeiro X Osasco na final da superliga feminina de voleibol 2011/12


Amigos de todos os cantos, partes e credos, estou de volta. E gostaria de comentar o maior clássico desportivo brasileiro no momento e a respeito de tudo o que envolve. Há quem pense Corinthians X Flamengo. Não. Rio de Janeiro X Osasco no voleibol feminino.
Por que seria o maior clássico? O simples fato de terem decidido praticamente todas as superligas na última década já qualifica como tal. Um outro ingrediente torna esse confronto mais interessante: o título mundial do Osasco. Ao contrário do Corinthians - por favor, sem desmerecer o feito dos comandados do Tite que merece todo o meu respeito - venceu duas vezes o poderoso Rabita Baku, não o questionável Chelsea. E a final foi por acachapantes 3 X 0. Visto que os confrontos contra as rivais cariocas são quase sempre 3 X 2 para algum lado ouso dizer, é o maior clássico do voleibol feminino mundial. Além é claro das duas equipes serem base da seleção campeã olímpica. no caso do Rio ainda reforçadas por duas estrangeiras de primeiro nível: Logan Tom dos EUA e Sarah Pavan, canadense que na última temporada foi a considerada a melhor atacante das finais do campeonato europeu de clubes.
Ontem foi mais um desses confrontos épicos. No primeiro set a equipe de Osasco parecia levar o confronto na moleza. A tática de saque era perfeita e o fundo de quadra funcionando de forma sensacional. Eis que no segundo set, quando abria vantagem, a jovem Gabi deu mais consistência defensiva ao Rio e foi decisiva na virada do time carioca. Quando tudo parecia definido mais uma reviravolta e e o quarto set foi do Osasco. O quinto set apresentou um Rio de Janeiro mais consciente o que acarretou a vitória das comandadas de Bernardinho.
Algumas reflexões cabem a partir disso. Para qualquer apreciador do esporte, ao ler as informações acima, diria que é jogo a ser transmitido em horário nobre e televisão aberta despertando interesse em todos os estrangeiros que gostam de voleibol. A superliga de voleibol tanto masculina quanto feminina raramente tem seus jogos televisionados pelos canais abertos ficando apenas na TV por assinatura. Fico admirado como qualquer jogo de estadual de futebol mereça mais atenção que grandes clássicos de qualquer outro esporte, incluindo o voleibol. Algo no mínimo estranho se pensarmos que esse é disparado o esporte que mais trouxe resultados positivos para o Brasil no últimos 20 anos. Além disso, possui muito mais atletas de ponta jogando a liga nacional que se comparado ao futebol. Enquanto a (discutível) seleção brasileira de futebol tem a maioria de seus jogadores atuando em ligas estrangeiras, a base das fortíssimas seleções masculina e feminina de voleibol atuam em território tupiniquim.
É necessária mais atenção com o voleibol sob pena de acontecer o que aconteceu com o basquete nacional - de país campeão mundial passamos a ter grandes dificuldades de classificação nas olimpíadas tanto no masculino quanto no feminino. Se houvesse mais cuidado midiático quem sabe haveria mais popularização do voleibol, reconhecimento e identificação com os times e expansão fora do eixo Sul-Sudeste. E quem sabe ainda o exemplo do voleibol não se espalhasse para outros esportes igualmente fantásticos.
Nada contra o futebol, mas está mais do que na hora de acabarmos com sua monocultura.

Um comentário:

  1. Um ótimo post, Professor! De certo modo, a sua opinião é mais que válida. Desde que me conheço como estudante de escolas do estado, percebo que a "valorização" do futebol é muito maior e superior, tanto que quando íamos praticar vôlei, ele sempre foi menosprezado, improvisado, sem muita atenção, sabe? E era um esporte que não era "de menininhas". Muitos amigos homens como eu jogavam/jogam, e mostravam jeito para a coisa. Um deles foi jogar até em S. Bernardo!

    Concordo contigo, meu caro!

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